Ensino superior: como estruturar um currículo com foco no aprendizado em comunidade

Um dos desafios de reitores, gestores educacionais e coordenadores de instituições de ensino superior (IES) é estreitar os vínculos com sua comunidade.

Para isso, uma das condições é construir currículos inovadores – que não apenas agreguem valor à experiência dos alunos, mas também possam envolver e impactar positivamente a sociedade. 

Esse é um dos temas em evidência no 2º Fórum Internacional de Educação Hibrida (FiEH), evento gratuito organizado pela DreamShaper

O encontro acontece dia 18 de outubro, no Hotel Lagune, no Rio de Janeiro (RJ) – na sequência do CIAED. O FiEH tem como objetivo fomentar o debate das principais tendências da educação remota, híbrida, digital e inclusiva, com a perspectiva de transformar o futuro da educação.

fieh dreamshaper 2023

Alinhamento às demandas do setor produtivo

Uma das maneiras de estimular o desenvolvimento social é implantar linhas de pesquisa alinhadas às demandas do setor produtivo, encurtando a distância entre a academia e as empresas que influenciam a atividade econômica da região em que a IES está localizada.

Outra maneira é direcionar a investigação científica ao cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU. 

Por que não criar programas acadêmicos com foco em questões relacionadas à sustentabilidade ambiental, como energias renováveis, gestão de recursos naturais e mudanças climáticas? Ou optar por atividades de formação sobre temas como racismo, xenofobia e diversidade de gênero, além de instituir programas de bolsas de estudo com base em critérios de inclusão e equidade?

Igualmente, não se pode deixar de lado as atividades de extensão. Afinal, elas representam uma maneira de produzir impactos diretos sobre as pessoas que vivem nas comunidades locais. Mas como fazer isso? 

Atividades geram impactos diretos nas comunidades

Uma das alternativas mais eficazes de contribuir para o desenvolvimento das comunidades é promover ações de Curricularização da Extensão – como, aliás, determina a Resolução nº 7 do Conselho Nacional de Educação (CNE) e da Câmara de Educação Superior (CES), homologada em 2018. 

Essa resolução estabelece a obrigatoriedade de projetos protagonizados pelos alunos que envolvam oficinas, eventos e ações de prestação de serviços, entre outras, em favor das comunidades em, no mínimo, 10% da carga horária total de qualquer curso de graduação. Os gestores, contudo, precisam ficar atentos: nem toda atividade de extensão pode ser integrada à Curricularização da Extensão. 

Seminários, palestras e cursos de idiomas oferecidos à comunidade, por exemplo, não são considerados ações extensionistas, e sim atividades complementares (exceto quando os estudantes exercem o papel dos professores). Como critério, fica determinado que apenas as ações que tenham os alunos como executores se enquadram na definição. 

Uma delas é a Aprendizagem Baseada em Projeto (PBL, na sigla em inglês), metodologia que ganha cada vez mais espaço nas universidades em nível mundial. Basicamente, ela consiste na criação de projetos nos quais os estudantes se dedicam a solucionar problemas reais da comunidade na qual a IES está inserida.

Referência na Curricularização da Extensão

Uma das primeiras IES a colocar em prática a Resolução nº 7/2018 foi o Grupo Tiradentes, detentora da marca UNIT. Criado em Aracaju (SE), o grupo educacional tem uma trajetória de 60 anos, estando presente em quase todos os estados do Nordeste. Em 2021, implementou a Aprendizagem Baseada em Projeto, com apoio da DreamShaper, que colaborou no processo de atualização curricular da instituição.

Desse modo, foi criada a “Experiência Extensionista”, componente curricular que disponibilizou um leque de possibilidades de atuação junto à comunidade. Na realidade, os espaços fora da IES se tornaram cenários para as práticas dos estudantes. 

No primeiro semestre de 2023, as ações foram oferecidas em 38 cursos presenciais de graduação e 17 de EAD. Já no semestre seguinte beneficiaram 23 turmas, envolvendo 1.099 alunos em 88 projetos de extensão e 32 parcerias para a realização das atividades. No total, 95% das iniciativas propostas foram executadas – e, destas, 94% foram finalizadas e apresentadas.

Vale lembrar que a DreamShaper também ofereceu suporte no processo de Curricularização da Extensão a outras IES, como o Ecossistema Brasília Educacional.

Neste caso, a partir do diagnóstico dos problemas da comunidade local – facilitado pelo uso do PBL –, os estudantes desenvolveram projetos alinhados aos portfólios dos cursos, buscando soluções para melhorar a vida dos moradores.

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