Websérie DreamShaper episódio 3: A importância da pesquisa para engajar os alunos a detectarem os problemas da sociedade

O terceiro episódio da websérie Ensino por Projeto: Formando Profissionais do Futuro aconteceu na terça-feira, 30 de março, no canal da DreamShaper no Youtube. Dessa vez, o tema em discussão foi a importância da pesquisa para engajar os alunos a detectarem os problemas da sociedade.

Ao todo, a websérie terá cinco episódios, onde especialistas em educação abordam diferentes vieses e experiências da aprendizagem baseada em projetos (ABP ou PBL, na sigla em inglês). 

No terceiro encontro participaram Simone Espinosa, diretora institucional de regulação e avaliação do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB); Felipe Mandawalli, CEO da Mettzer; e Fernando Leme do Prado, diretor de educação profissional da Associação Nacional de Educação Básica e Híbrida (ANEBHI). A apresentação e mediação foi de Felipe Rodrigues, gerente de operações da DreamShaper. 

Em diálogo, Espinosa e Prado destacaram como as metodologias ativas incentivam a pesquisa e, consequentemente, a construção de conhecimento a longo prazo pelos alunos. A transformação digital na educação também esteve no centro do debate. Para Mandawalli, a popularização da internet abriu caminho para o ensino híbrido e a institucionalização de uma nova forma de estudar. 

Confira, a seguir, a gravação completa e os principais destaques do episódio.

Mudança de rota no ensino superior

A diretora institucional de regulação e avaliação do UniCEUB, Simone Espinosa, abriu este episódio levantando duas perguntas para reflexão dos convidados e espectadores: 

  • Qual o percentual do conteúdo adquirido nos primeiros anos de um curso é relevante ao final do curso?
  • E em que medida as competências fundamentais hoje serão relevantes para as profissões do futuro?

Para Espinosa, ao alterar currículos e projetos pedagógicos no ensino superior, as instituições precisam olhar para essas duas questões. Afinal, enquanto a automação ameaça a existência de diversas profissões, o mercado de trabalho exige que os egressos dominem competências socioemocionais, como pensamento crítico e iniciativa. 

Já que as aulas expositivas não respondem às demandas do século 21 – nem garantem a memorização do conhecimento a longo prazo – é preciso uma mudança de rota. E a reforma do Novo Ensino Médio pode servir como espelho para o ensino superior. “Se no ensino médio o aluno já está aprendendo a transformar o mundo a partir do seu conhecimento, não dá para a universidade seguir sendo conteudista”, ressaltou Espinosa.

A UniCEUB, por exemplo, está prestes a lançar uma espécie de atelier, onde alunos de diferentes cursos poderão trabalhar juntos para resolver problemas da comunidade. A instituição pretende utilizar a aprendizagem baseada em projetos para desenvolver o repertório de  habilidades que os alunos mais necessitam. 

A pesquisa entra no contexto de busca por soluções para os problemas. Trata-se do momento em que o aluno encontra o embasamento teórico para efetivar os projetos de extensão. “A extensão integrada à matriz curricular aproxima o estudante da prática junto à comunidade, articulando o ensino, a pesquisa e a extensão”, destacou Espinosa. 

Metodologias ativas e a pesquisa

Em diálogo com as questões propostas por Espinosa, Fernando Lemes do Prado ressaltou que, no modelo de aulas expositivas, a retenção do conteúdo é temporária. Por isso, o diretor de educação profissional da ANEBHI, defende a adoção da aprendizagem baseada em projetos.

“Não há mais como falar em transferência ou aquisição de conhecimento. Por outro lado, com  uma metodologia de projetos, o aluno constrói conhecimento. E conhecimentos construídos não desaparecem”, explicou. 

A força da PBL, de acordo com Prado, está em criar situações em que o aluno precisa resolver problemas a partir de uma visão multidisciplinar, fugindo da tradicional fragmentação de disciplinas. Para ele, há pelo menos dois benefícios oriundos da aplicação de metodologias ativas. 

“O primeiro subproduto é o desenvolvimento das habilidades socioemocionais cobradas no mundo do trabalho. O segundo é a habilidade de fazer pesquisas”, disse. O segundo ponto é o resultado da posição do aluno como protagonista do processo de aprendizagem. “Nas metodologias ativas, o aluno tem que ir atrás da informação, buscar meios de fazer, organizar e sistematizar projetos”, completou Prado. 

O papel da tecnologia

Além de CEO da Mettzer, uma plataforma de apoio no desenvolvimento de trabalhos e pesquisas acadêmicas, Felipe Mandawalli é diretor da Associação Catarinense de Tecnologia. Em sua fala, ele afirmou que a democratização da internet ocorrida a partir de 1995 deu início ao que chamamos hoje de ensino híbrido.

“O ensino era híbrido mesmo antes da pandemia. O que a pandemia fez foi tornar essa modalidade institucional”, provocou. Isso porque professores, gestores e alunos já utilizavam o ambiente digital – especialmente as buscas no Google – como ferramenta de pesquisa. Entretanto, esse tipo de comportamento ainda era marginalizado. 

A diferença é que agora, segundo Mandawalli, o hibridismo está sendo incorporado pelos projetos pedagógicos. “O mundo acadêmico que está passando por uma extensa transformação digital nos meios de produção do conhecimento”, afirmou. 

No Brasil, o desafio é equalizar o acesso à tecnologia, uma vez que há desigualdades entre alunos, professores e instituições. Para, Mandawalli, em curto prazo, a solução está em encontrar modelos que mais se adaptam a realidade de cada escola e a cada estágio do desenvolvimento dos alunos.

“Especialmente em um contexto de pandemia, a educação precisa ser construída através de multicanais para que seja acessível para todas as famílias”, ressaltou. 

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