O ensino superior está a passar por um momento de profundas transformações. E, neste cenário, são muitos os desafios que existem para se assegurar a qualidade em sala de aula.
Entre as dificuldades, estão os backgrounds cada vez mais desiguais dos estudantes e, como consequência da pandemia, a dificuldade de se adaptarem às expectativas da faculdade quanto à gestão de tempo e padrões de qualidade.
Num texto publicado no site Inside Higher, Steven Mintz, professor de História na Universidade do Texas, reflete sobre o tema, apresentando possíveis soluções para lidar com os obstáculos que impedem o avanço da qualidade no setor.
Uma questão docente
Para Mintz, as dificuldades apresentadas pelos estudantes colocam ainda mais pressão sobre os professores, que enfrentam desafios associados à motivação dos alunos, gestão de sala de aula, deficiência de aprendizagem e indisciplina, que são mais significativos do que no passado.
Como tudo o que é impactado por mudanças acentuadas, a maioria das instituições ainda não descobriu como disponibilizar formações e suporte aos professores. Isto gera sinais de esgotamento que incluem sentimentos de inadequação e insegurança, além da diminuição da satisfação e perda de motivação. Isto tudo, na ponta do processo, impacta diretamente a aprendizagem dos estudantes.
Para o professor da Universidade do Texas, um processo de aprendizagem eficiente precisa de considerar e de incluir práticas como o uso intencional da tecnologia, e formas válidas e fiáveis de avaliação e orientação. Assim, é necessário que os professores entendam:
- Como os alunos aprendem – isto é, como é que eles desenvolvem, processam, retêm e aplicam conhecimentos e habilidades;
- Como envolver e motivar os estudantes, ajudando-os a persistir e a refletir sobre sua própria aprendizagem;
- Como ensinar a ler atentamente, de forma crítica e eficiente, e escrever de forma clara e persuasiva;
- Como ajudar todos os alunos, incluindo aqueles com maiores dificuldades, a dominar conhecimentos e competências essenciais.
Apesar de todas as dificuldades impostas, a resiliência e a adaptabilidade devem ser características acentuadas nos professores atuais. “Ensinar é ao mesmo tempo uma arte, um ofício e uma ciência. Os instrutores mais eficazes têm uma capacidade notável de improvisar, ajustando-se às ansiedades, necessidades e atitudes dos alunos”, pondera Mintz.
8 formas de superar as dificuldades
É um facto que, quando se trata de educação, não existe uma fórmula perfeita. Porém, o professor apresenta alguns caminhos que podem ajudar a superar as dificuldades dos docentes no ensino superior:
- Melhorar a formação – Embora a maioria dos programas de pós-graduação tenha algum tipo de formação pedagógica, poucos estão realmente preparados para aplicarem os fundamentos num nível avançado ou sofisticado.
- Parcerias com sociedades profissionais – Estas organizações podem centralizar e destacar o desenvolvimento profissional na sua missão. Têm elementos bem qualificados para apresentarem e partilharem com os colegas novas pedagogias, tecnologias e abordagens de avaliação.
- Incentivos institucionais – Até mesmo formas modestas de encorajamento podem fazer a diferença. Isto pode incluir tempo de liberação ou maior acesso a um profissional de design instrucional, por exemplo.
- Projetos de demonstração – Apresentar inovações em pedagogia e design de curso ajuda a expandir o leque de possibilidades imagináveis. Pode ser especialmente valioso expor os docentes a práticas, cursos clínicos, cursos de estúdio, espaços de criação, centros e laboratórios de inovação que podem servir como modelos para replicação e adaptação.
- Comemorar e incentivar os bons exemplos – Reconhecer e recompensar cursos e currículos exemplares pode estimular novos pensamentos e experiências.
- Partilha de recursos – A criação de um repositório departamental pode melhorar a qualidade das aulas, e inspirar os membros do corpo docente a contribuir com exemplos de suas próprias práticas e metodologias.
- Ao tomar decisões associadas a contratação, é importante dar maior prioridade às contribuições que um candidato pode dar para a missão de ensino do programa – Na hora de contratar, talvez seja preciso pensar e considerar num candidato familiarizado com novas tecnologias instrucionais, ou que traga experiência em aprendizagem baseada na comunidade ou que oriente pesquisas de graduação ou estágios de orientação.
- Desenvolvimento profissional 2.0 – Algumas sugestões para um desenvolvimento profissional mais significativo são:
- Um modelo orientado para a solução de problemas;
- Um modelo de desenvolvimento de recursos partilhados que pede aos instrutores que criem uma ferramenta, um módulo ou uma unidade instrucional para ser partilhada com os colegas e que irá aprimorar a aprendizagem do aluno;
- Uma abordagem de caso de estudo associado a um desafio pedagógico encontrado pelos próprios professores;
- Uma abordagem de desenvolvimento de currículo de forma colaborativa.
Segundo Mintz, a grande mudança que deve ocorrer na pedagogia é de um paradigma centrado no ensino e no professor para um modelo focado na aprendizagem e no aluno.
“Se quisermos realmente melhorar a aprendizagem, superar as lacunas de desempenho e garantir que muito mais alunos dominem conhecimentos e competências essenciais, os instrutores devem esclarecer os seus objetivos de aprendizagem, planear atividades para ajudar os alunos a atingir essas metas, avaliar frequentemente o progresso do aluno e fornecer o feedback necessário para fortalecer o desempenho dos alunos”, defende o docente.
Sobre a DreamShaper
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