Procurando emprego no setor educacional?

*texto originalmente publicado no portal Desafios da Educação

Na última década, observei um movimento diferente na seleção e na contratação de profissionais da área de educação – em especial no ensino superior.

Já não há mais tantos cargos vitalícios como havia quando a maior parte das faculdades, centros universitários e universidades era familiar. Naquela época, professores e gestores permaneciam por longos períodos nas IES devido relações afetivas – quase sempre estavam envolvidas nas contratações. Eles só saiam da instituição quando se aposentavam. E olhe lá.

Com a chegada dos grupos educacionais e o crescimento das consultorias especializadas, a “profissionalização” das IES tornou o mercado educacional tão volátil quanto os demais setores empresariais – onde laços afetivos não são suficientes para manter o emprego.

Os cargos do setor educacional, hoje, são preenchidos por profissionais com as habilidades e competências exigidas no século 21, bem como visão estratégica e de negócios. As formas de contratação também mudaram: em muitos casos, o registro CLT com todos os benefícios foi substituído por contratos PJ (pessoa jurídica) por projeto ou função.

Eu fiz uma pesquisa questionando a dificuldade desses profissionais para se recolocarem no mercado de trabalho. E me assustei com o resultado. A maioria daqueles que estavam sem trabalho eram professores, mestres, e que não encontravam oportunidades e vagas disponíveis.

Ainda surpresa, fui conversar sobre o assunto com uma grande amiga. Wandy Cavalheiro foi diretora de Marketing da Anhembi Morumbi e, atualmente, é diretora executiva da Per Creare Branding, especializada em gestão de marcas e hunting educacional.

A seguir, nesta entrevista, Wandy aborda os desafios da empregabilidade e o surgimento da trabalhabilidade entre os profissionais da educação.

Wandy

Wandy, a área educacional está se reaquecendo – mas também percebemos mudanças significativas em relação ao perfil dos cargos e também dos profissionais. Qual é a sua visão deste cenário? E como a área de hunting educacional tem se destacado? 

Depois do auge da pandemia, as vagas começaram a voltar. E a principal mudança será a assertividade nas contratações – ninguém mais está disposto a errar. É aí que entra o hunting educacional, mais procurado em vagas de nível gerência para cima, justamente para reduzir chance de erro.

Aqueles mais especializados em um segmento do EAD tem mais oportunidade no nível gerencial. Profissionais no nível de direção têm que ter um perfil mais completo, sendo capaz de entender do produto (acadêmico) e do mercado (visão comercial).

Hoje, a necessidade de profissionais de EAD é grande, com vagas direcionadas de diretor de cursos híbridos e diretor de design instrucional, por exemplo. Os salários encolheram um pouco, mas as vagas estão aumentando.

Temos conversado bastante sobre as diferenças da empregabilidade e da trabalhabilidade, quais são os desafios e as tendências que você tem percebido? 

Já há alguns anos existe esta tendência de aumento da trabalhabilidade e diminuição do emprego formal. A trabalhabilidade é basicamente a possibilidade de prestar um serviço ou trabalho sem a necessidade de criar um vínculo empregatício. Esses contratos são mais flexíveis, podem ser feitos via PJ, por tempo determinado ou por um job específico.

Na era das redes sociais, quais são as principais dicas para os candidatos a uma vaga no setor educacional? 

Para ajudar na busca de emprego ou trabalho, claro, a rede ideal é o LinkedIn. Para usá-la de maneira eficiente, algumas dicas básicas incluem:  

  • PERFIL: sua página tem que estar sempre atualizada. Na experiência profissional, é bom colocar mês e ano de início e termino da colaboração. Se possível coloque seu e-mail. Se achar conveniente, um número de telefone pode ser útil;
  • FOTO: essencial em toda e qualquer rede social. No LinkedIn, tem que ser de rosto, natural sem muita maquiagem, cabelo arrumado. A roupa que aparece na imagem é a que você usaria para trabalhar ou a que seu cargo demanda. Não publique foto de óculos escuro – isso passa uma mensagem de falta de transparência. Olhe de frente, como se estivesse numa entrevista de emprego. Nunca com um ar sisudo ou arrogante – um leve sorriso é o ideal.
  • CONTEÚDO: publique algum conteúdo se possível toda semana. Não precisa ser um artigo ou texto, mas uma indicação de alguma coisa interessante na sua área. A cada quinzena pode ser bom publicar algum texto de sua autoria. Faça comentários no seu post e no dos outros. Poste algo novo sempre no mesmo dia e horário da semana. As pessoas veem os posts mais à noite, mas headhunters e RHs veem durante o dia – horário comercial.

E as outras redes sociais? 

É preciso estar nelas, mas com cautela e de maneira adequada. Tome muito cuidado com o que escreve. Hoje, todos os contratantes e RHs vão tentar achar você nas redes. Evite publicar sobre política. Não faça críticas abertas. Você pode se posicionar sobre o que pensa, mas sem radicalizar.

E quando uma instituição de ensino pede o currículo: quais são as dicas? 

O currículo tem que ser uma espécie de fotografia do candidato – mas, por favor, não coloque fotos. Se possível, também não use o modelo LinkedIn. Personalize o seu CV. No setor educacional, a depender da instituição de ensino e do cargo, modelos moderninhos não funcionam.

Nas informações iniciais coloque o endereço, cidade, estado, telefone, e-mail, Skype e endereço do LinkedIn. Para vagas acadêmicas, acrescente o link para o Currículo Lattes.

Depois, faça um breve resumo das suas principais qualificações e competências. Descreva a experiência profissional: a mais recente no início e todas aquelas que tem mais relação com a vaga. Estágios e primeiros empregos não é necessário colocar.

O que colocar: nome da instituição/empresa; período de permanência; cargo mais recente; o período em que permaneceu nele; principais atribuições; resultados obtidos (podem ser numéricos, mas se possível mensurar em números absolutos ou em percentual – por exemplo, “Aumento do número  de alunos de 600 para 2000”; “Diminuição da evasão de 30% para 15% em 2 anos”; “Aumento do IGC da instituição de 3 para 5 no ano de 2019”.

Depois, se tiver relevância, você pode acrescentar cursos e atividades – só as mais recentes, de até 5 anos atrás, e relacionadas ao cargo ou sua área de atuação. Por fim, idioma e hobbies (se houver necessidade). Lembre-se que o currículo executivo deve ter no máximo 4 páginas.

E quais são os desafios das instituições? Como elas podem fazer seleções que atraiam os perfis que mais se encaixam nas suas necessidades? 

As instituições buscam bons profissionais por três canais principais:

1) indicações de profissionais que atuam e que conhecem (mantenha seu networking ativo);

2) busca no LinkedIn;

3) empresa de hunting especializada.

A Per Creare Hunting Educacional atende ao Brasil todo. Existem mais vagas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste – é onde há mais carência de profissionais qualificados. Atendemos vagas acadêmicas de reitor a coordenadores de cursos (exceto docentes), além de vagas administrativas, desde supervisor de marketing até um CEO.

Um processo seletivo é quase sempre demorado leva no mínimo um mês e meio – podendo chegar a cinco meses. O mais importante é baixar a ansiedade (o que durante a pandemia ficou mais difícil, mas tem que tentar). Ao candidato, não esqueça: candidate-se ao que você sabe fazer bem. Mantenha o foco na sua definição de carreira.

Por fim, o que as instituições mais valorizam hoje na hora de contratar um candidato? 

Hoje as soft skills são muito importantes. Desenvolva tudo que melhore seu relacionamento com as pessoas, sua liderança em equipe. Dê importância à entrevista, transmita segurança e transparência. Ressalte que é tecnológico (entende de tecnologia). Mostre também que você tem visão de dono, sabe empreender em qualquer função que exerça, não tem medo de errar e está sempre disposto a aprender. O lifelong learning é o conceito do futuro.

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