Habilidades ou um diploma: o que vale mais no mercado de trabalho pós-pandemia?

A pandemia transformou o mercado de trabalho, redesenhando a rotina das pessoas e trazendo novas demandas para as organizações. 

Com os avanços tecnológicos, as necessidades mudaram e, com elas, o conjunto de habilidades exigidas na disputa por uma colocação. Antes, ter um diploma universitário era um diferencial. Hoje, há outras qualificações no radar dos recrutadores.

Tendências no pós-pandemia

De acordo com levantamento feito pela rede social LinkedIn, essa tendência de busca por habilidades já existia antes mesmo da pandemia, mas, sem dúvida, foi acelerada durante a crise sanitária global. Desde 2015, o conjunto de habilidades requeridas mudou 25%. Até 2027, esse percentual deve chegar a 50%. 

Além disso, aumentou em 20% a busca de recrutadores pelas chamadas “skills” citadas pelo LinkedIn na hora da contratação. Em 2015, as habilidades mais procuradas na rede social no Brasil eram relacionadas a análise estatística e mineração de dados. 

Mais recentemente, a pesquisa The Future of Jobs, feita pelo Fórum Econômico Mundial em 2020, revelou que as habilidades essenciais para o mundo do trabalho do futuro estão relacionadas a: 

  • Solução de problemas;
  • Autogestão;
  • Trabalhar em equipe;
  • Uso e desenvolvimento de tecnologia.

O levantamento apontou para uma mudança de prioridade, com as chamadas soft skills (ou seja, as competências socioemocionais), em alta, tendo ultrapassado as antes predominantes hard skills (habilidades técnicas). E o impacto da pandemia foi determinante para isso.

“As soft skills básicas tornaram-se ainda mais importantes devido ao aumento do trabalho remoto e autônomo, e estão crescendo em importância em todos os setores, níveis e ambientes de trabalho”, ressalta o diretor de gerenciamento de produtos do LinkedIn, Rohan Rajiv, em entrevista à Revista Forbes.

Essas novas rotinas de trabalho tendem a se fortalecer ainda mais. De acordo com um estudo da Google WorkSpace, mais de metade das empresas já adotam o modelo híbrido (intercalando entre trabalho presencial e remoto) e esse é o formato desejado de sete a cada 10 trabalhadores, segundo a Fundação Getulio Vargas

Afinal, o que são soft skills?

No relatório Global Trends do LinkedIn de 2019, nove a cada 10 recrutadores afirmaram que a falta de habilidades sociais é o principal fator para que alguém tenha problemas em um novo emprego. Eis aí um bom motivo para se desenvolver soft skills. 

“Do ponto de vista da ciência comportamental, a expressão se refere a uma série de mentalidades e comportamentos. Exemplos de mentalidades que representam soft skills podem ser alguém que está sempre aprendendo, ou que é altamente resiliente”, avalia o professor de Psicologia da Universidade de Yale Eric Frazer, em entrevista à BBC Brasil.

Existe uma vasta gama de soft skills, por isso, é difícil listar todas elas. O relatório da America Succeeds, por exemplo, citou 100 competências sociais e emocionais requisitadas pelos recrutadores. Elas puderam ser divididas em 10 grandes áreas: 

  • Liderança (direcionamento de esforços e entrega de resultados);
  • Caráter (conduta pessoal e profissional);
  • Colaboração (trabalho em equipe e conexões);
  • Comunicação (troca de informações e gestão); 
  • Criatividade (novas ideias e soluções inovadoras);
  • Pensamento crítico (ideias baseadas em informações e soluções efetivas);
  • Metacognição (autoconhecimento e gestão pessoal);
  • Mindfulness (consciência inter e intrapessoal);
  • Mindset de crescimento (evolução e aspiração);
  • Força de espírito (constituição e inspiração).

dreamshaper soft skills mercado trabalhoE os diplomas, como ficam?

Embora a maioria dos recrutadores esteja buscando profissionais com soft skills, as habilidades técnicas continuam relevantes – e são, comumente, adquiridas por meio de formação acadêmica. Assim, o diploma segue sendo importante, por mais que as competências socioemocionais precisem ser trabalhadas. Além disso, em algumas áreas, é obrigatório ter um diploma de graduação para poder atuar profissionalmente. 

Para a psicóloga especialista em carreira Clara Bonelli, entrevistada pelo Estado de Minas, o ideal é combinar as competências profissionais e as socioemocionais. A relevância de cada uma delas depende da área de atuação. “Se a gente partir para a área de exatas, a pessoa precisa apresentar habilidade matemática, de raciocínio lógico e de número; se for da área comercial, o foco maior é na comunicação, no relacionamento interpessoal, por exemplo”, explica. 

Mesmo assim, até profissões comumente vistas como meramente técnicas (como as engenharias) exigirão mais competências socioemocionais para o sucesso profissional. É o que demonstra o relatório da ONG especializada em educação America Succeeds de 2021, segundo o qual essas habilidades foram requisitadas nos Estados Unidos para: 

  • 91% dos cargos de gerência;
  • 86% dos cargos de operações comerciais; 
  • 81% dos empregos no setor de arquitetura e engenharia e
  • 77% nos cargos voltados à tecnologia e à matemática.

Como trabalhar as soft skills na escola?

Atualmente, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) considera que a educação básica precisa promover o desenvolvimento humano dos alunos. Trabalhar as competências socioemocionais, mais do que preparar os estudantes para o mercado, contribui para que eles tenham um bom convívio social e aprimorem suas soft skills de forma natural.

O uso de metodologias ativas pode ser uma maneira de colocar o aluno como protagonista de sua própria aprendizagem e estimular essas habilidades, uma vez que tais técnicas pedagógicas promovem a gestão pessoal e, muitas vezes, o trabalho em equipe. Não é necessário, portanto, ministrar aulas que digam como os educandos devem se portar diante de adversidades, por exemplo, e, sim, orientá-los na prática para que exercitem essas competências. 

Sobre a DreamShaper

A DreamShaper é uma EdTech especializada em Aprendizagem Baseada em Projeto que apoia Instituições de Ensino em mais de 20 países na implementação de metodologias ativas, por meio da sistematização do trabalho com projetos de forma inovadora e eficiente.

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