FiEH 2022: Especialistas defendem educação híbrida no centro dos currículos

A educação híbrida nunca esteve em tanta evidência e com tanto espaço para debates entre edtechs, instituições de ensino, centros de pesquisa, organizações do terceiro setor e órgãos governamentais.

Embora remonte ao começo dos anos 2000, foi a pandemia que universalizou e popularizou o conceito. A expectativa do setor é que o Ministério da Educação (MEC) divulgue uma diretriz para a modalidade ainda em 2022. Daí a necessidade de discutir o futuro em um evento exclusivo: o 1º Fórum Internacional de Educação Hibrida (FiEH), realizado em 28 de setembro (quarta-feira) na Universidade do Anhembi-Morumbi, em São Paulo.

Promovido pela DreamShaper em parceria com a Ânima Educação, o FiEH 2022 reuniu mantenedores, gestores e líderes de instituições de ensino superior (IES) para uma tarde de debates, apresentação de práticas inovadoras e networking qualificado.

O evento teve mais 350 inscritos, segundo Felipe Flesch, country manager da DreamShaper no Brasil, e serviu de piloto para edições em outros países. Além da educação híbrida, a primeira edição do FiEH foi marcada por temas como tecnologias, metodologias ativas e curricularização da extensão. 

Na opinião de especialistas e profissionais da área, o hibridismo deverá sustentar a educação do futuro. De maneira planejada, a modalidade tende a ser chave para superar os desafios do setor – como déficit de aprendizagem dos estudantes, o ensino excessivamente expositivo e, no caso da educação superior, a concorrência de empresas que cansaram de esperar por uma mudança na academia e passaram a formar a própria mão de obra.

A esse cenário, soma-se ainda a transformação digital, que força um alto investimento em soluções tecnológicas e capacitação docente. 

“Isso obriga as instituições de ensino superior, tanto quanto de ensino básico, a terem uma estratégia para o híbrido”, afirmou Luciano Sathler, membro do Conselho Científico da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed).

Reitor do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, em Minas Gerais, e do Centro Universitário Metodista IPA, no Rio Grande do Sul, ele defende que o professor busque qualificação para oferecer aquilo que o aluno não encontra na internet. “Todo professor deve se perguntar: ‘como ser melhor do que as duas primeiras páginas de respostas do Google para orientar um estudante?’.” 

Sathler participou da mesa “O momento da educação híbrida” ao lado de Denise Campos, vice-presidente acadêmica da Ânima Educação, e de Celso Niskier, reitor do Unicarioca e presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES). 

Em sua apresentação, Niskier refletiu sobre as mudanças que estão em curso no setor – com base nas constatações de pesquisas realizadas pela ABMES. Se antes da pandemia apenas um em cada cinco estudantes considerava fazer um curso EAD, por exemplo, um estudo recente identificou que atualmente a taxa de interesse inverteu: quatro em cada cinco consideram o curso EAD. 

O presidente da ABMES também mencionou a parceria da entidade com a DreamShaper para estimular a aplicação dos quadrantes híbridos nas instituições de ensino superior. Niskier explicou que os quadrantes híbridos são construídos a partir de dois eixos: espaço (presencial ou virtual) e tempo (síncrono ou assíncrono). Dessa combinação, surgem quatro possibilidades didático-pedagógicas: presencial síncrono, virtual síncrono, presencial assíncrono e virtual assíncrono. 

Na Ânima, essa flexibilidade é chamada de “joystick”. Foi a forma que a empresa encontrou para chamar o processo responsável por equacionar, para cada aluno, o ensino a distância e as aulas presenciais. Em fevereiro de 2022, o grupo educacional instituiu um currículo híbrido para todos os alunos. Mas cada estudante pode escolher o nível de presencialidade em sala, conforme seu interesse individual. 

Quanto às mudanças no segmento educacional, a VP da Ânima lembrou o caso da Blockbuster, célebre locadora de filmes que, por não acompanhar a evolução da internet, perdeu espaço para plataformas de streaming como a Netflix. “Eu tenho essa sensação de que, se o setor educacional não se atentar para a transformação que está acontecendo, a universidade e as escolas vão ficar numa era e o mundo em outra”, comentou Denise Campos. 

A primeira mesa durou pouco mais de duas horas. Após o debate, um coffee break foi servido aos participantes. Na volta ao auditório da Anhembi, foi a vez de ouvir o professor José Moran, um dos pioneiros no estudo sobre o ensino híbrido no Brasil.

Segundo ele, enquanto o EAD cresceu com certa consistência, “o híbrido ficou meia boca”. Para Moran, a portaria dos 20% – que ampliou a carga horária a distância em cursos presenciais, posteriormente elevada para 40% – motivou mudanças mais de caráter financeiro (no sentido de baixar custos para as IES) do que pedagógico. 

Também convidado de destaque no evento, Temisson dos Santos destrinchou a experiência de implementar a curricularização da extensão no Grupo Tiradentes, onde atua como vice-presidente acadêmico. 

Nos próximos dias, publicaremos aqui, no blog da DreamShaper, um resumo de cada uma das apresentações do 1º Fórum Internacional de Educação Híbrida. O encontro é uma realização da DreamShaper e da Ânima Educação, com apoio da ABMES, ABED, D2L e Ecossistema Simplifica (by Fernanda Furuno).

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