Entrevista DreamShaper – José Motta Filho

José Motta Filho é professor, consultor, e um dos maiores especialistas em Metodologias Ativas de Ensino no Brasil.

Conhecido como Prof. Motta e 28 anos atuando como educador no Brasil, o professor concedeu à equipe DreamShaper uma entrevista onde fala da importância de atualizar os métodos de ensino mais tradicionais, o papel dos professores e a importância dos suportes tecnológicos no setor da Educação.

Vantagens das metodologias ativas de ensino 

Em resposta à DreamShaper sobre as vantagens da utilização das metodologias de ensino, o professor Motta afirma que os principais benefícios da adoção das metodologias ativas – aprendizagem que consiste em uma forma de ensino no qual os alunos são estimulados a participar do processo como protagonista – são importantes tanto para o aluno, quanto para o professor. “Primeiro, há uma mudança de postura desses dois ecossistemas, porque o professor passa a assumir uma postura de mediador e não mais de expositor do conteúdo. A partir disso, o aluno que tiver conhecimento “prévio” em função das provocações que o professor já fez antes, torna-se protagonista do seu conhecimento e coloca a mão na massa do conteúdo.”.  

Outro destaque nos benefícios das metodologias ativas é o desenvolvimento que o professor faz com os soft skills dos alunos. As competências sociais, emocionais e mentais ligadas à personalidade de cada indivíduo são desenvolvidas e prepara o aluno para ter mais empatia e aprender a ouvir o outro. “Com isso, os professores conseguem resultados superiores do que os que são usados no método tradicional”, comenta. 

Ao ser questionado se os professores estão preparados para formar os profissionais do futuro, o prof. Motta reflete: “certamente muitos de nós ficaríamos assustados com as profissões de hoje que não vão existir no futuro. Isso não significa que elas serão extintas, mas serão executadas de outra forma. Se eu comparo o que está por vir das profissões e o que vivemos hoje, a maioria dos professores não estão preparados para o que está por vir.”

Autonomia do aluno

José Motta Filho é professor há 28 anos e desde 2014, navega nos temas relacionados à aprendizagem baseada em projeto. “Quando comecei a compreender como era o desenho de um bom project based learning (aprendizagem baseada em projetos), eu entendi que já vinha trabalhando com isso, mas sem a estrutura e o detalhamento de uma metodologia de ensino”, afirma.

Para o prof. Motta, o interessante disso é que os professores podem se envolver na estrutura de ensino para que o aluno aprenda de forma colaborativa e com a mão na massa, como realizar um projeto. “Dentro de um ensino baseado por projeto, podemos também incorporar uma outra estrutura para desenvolvê-lo, como o design thinking e o canvas, por exemplo.”

A aprendizagem baseada em projeto contribui para a autonomia do aluno. “Eu, como professor, não digo o que o aluno precisa fazer. Eu faço uma pergunta que o faz refletir e idealizar como desenvolverá o projeto.” Para o professor, de todas as metodologias ativas que os professores estão praticando hoje, esse modelo de autonomia é o que leva mais tempo, mas que treina o aluno para ser um ser humano protagonista e que saiba ter resolução de problemas na vida adulta.

Tecnologia x Educação

Para o especialista, a tecnologia é essencial para o setor da educação. “Dando uma olhada neste cenário, com muito pé no chão e com vistas sobre tendências educacionais no mundo, nós temos duas trilhas que caminham juntas na tendência de educação no mundo. A primeira, é a aprendizagem por projetos e a segunda é a aprendizagem híbrida.”, ressalta. Para ele, o ensino híbrido é muito comentado atualmente, mas ensino nem sempre é aprendizagem. “Precisamos de professores com metodologias inovadoras, estratégias da educação. Se olharmos para as definições de metodologias ativas, nós percebemos que elas podem viver sem a tecnologia. Mas se olharmos para o mundo em abundância, não tem como não querer ferramentas para o aluno criar, engajar e aprender.”, afirma. 

O professor garante que usar tecnologia na educação é um atrativo para os alunos. “Quando eu uso tecnologia eu posso pensar que ela pode ser usada como instrumento de avaliação, posso criar outras estratégias como gamificação na educação, transformando-a em algo lúdico. No momento da pandemia, nós aceleramos a educação em 6 anos com a tecnologia.” 

O especialista afirma, ainda, que a maior dificuldade que as escolas enfrentam para se adaptar ao Novo Ensino Médio, é a mudança de postura do professor e do aluno. “O aluno precisa ser mais ativo e trabalhar mais para chegar aos objetivos de aprendizagem de cada aula.”, ressalta.

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