Em fevereiro, o Ministério da Educação (MEC) divulgou o resultado do Censo da Educação Superior 2020.
Os dados revelaram um cenário inédito: pela primeira vez, a educação a distância (EAD) superou a presencial em número de ingressantes em instituições de ensino superior (IES) públicas e privadas, o que havia acontecido apenas na rede particular em 2019.
Dos mais de 3,7 milhões de novos alunos no período, mais de 2 milhões (53,4%) optaram por cursos a distância e 1,7 milhão (46,6%) por graduações presenciais. Com isso, o Brasil atingiu a marca de 8,6 milhões de pessoas matriculadas em mais de 2,4 mil IES. As instituições privadas contabilizaram 3,2 milhões de ingressantes, representando 86% do total.
Em 2020, por causa da pandemia, a data de referência da pesquisa foi flexibilizada, estendendo-se até 30 de junho de 2021, em decorrência das alterações efetuadas nos calendários acadêmicos. Mas não é de hoje que a EAD ganha a preferência dos alunos. Entre 2010 e 2020, o número de ingressantes em cursos a distância quadruplicou. Por outro lado, nos presenciais, houve queda de 14%.
A expansão do EAD no Brasil
Além do número de ingressantes, a EAD continua crescendo na quantidade de matrículas no ensino superior. Em 2020, foram registradas mais de 3 milhões de matrículas nessa modalidade, o que representa uma participação de 35,8% do total. No período analisado, as matrículas cresceram 26,8% na educação a distância enquanto recuaram 9,4% na presencial.
Se olharmos novamente para o cenário da última década, fica claro que a expansão do EAD no Brasil não é um fenômeno apenas da pandemia. Entre 2010 e 2020, as matrículas na EAD cresceram 233,9%. Embora tenha evoluído nesses dez anos, as graduações presenciais tiveram um desempenho menos relevante nas matrículas, com leve alta de 2,3%.
Outro dado do último Censo da Educação Superior que chama atenção diz respeito aos concluintes. Em 2020, o número de concluintes na modalidade a distância aumentou 26,7% – a oscilação positiva na EAD nesse quesito acontece desde 2016. Mais uma vez, superando a modalidade presencial, onde o número de concluintes teve queda de 6% em relação a 2019.
A evolução da EAD no Brasil também está atrelada ao número de vagas ofertadas: foram 13,5 milhões no período do levantamento, uma alta de 30% nas oportunidades de ingresso na comparação com a pesquisa anterior. Entretanto, menos de 1/5 das vagas foram ocupadas, o que mostra que a oferta ainda está acima da demanda na modalidade.
Perfil e desafios
Segundo o Censo da Educação Superior 2020, o típico aluno de graduação a distância cursa o grau acadêmico de licenciatura – ao contrário dos presenciais, onde predomina o bacharelado. Entre os matriculados, a maioria é do sexo feminino, assim como acontece no presencial. Em relação à idade, os ingressantes de cursos EAD têm, em média, 21 anos.
Nesse cenário, a educação a distância ainda conta com um desafio. A saber, diminuir as taxas de evasão no ensino superior privado, especialmente depois da alta nos níveis de abandono durante a pandemia de Covid-19.
Para se ter uma ideia, quase 3,5 milhões de alunos evadiram de universidades privadas em 2021, segundo dados obtidos pelo canal Globonews junto ao Semesp, instituto que representa as mantenedoras do ensino superior no Brasil. Levando em conta apenas a EAD, a taxa de evasão chegou aos 43,3% – a maior da série histórica.
As IES têm feito movimentos para manter a expansão da EAD no EAD e frear a evasão na modalidade. Entre eles, o investimento em estratégias híbridas, a implementação de currículos por competência e a adoção de metodologias de ensino inovadoras, como a aprendizagem baseada em projetos (ABP ou PBL, na sigla em inglês), sempre utilizando a tecnologia a favor do ensino.
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