Como estimular o pensamento crítico dos alunos

Em 2021, Paulo Freire, completaria 100 anos. Até falecer, em 1997, o patrono da educação brasileira defendeu uma escola capaz de conscientizar o ser humano.

No cerne das ideias de Freire, estava, portanto, o sonho de uma sala de aula que desenvolvesse o pensamento crítico dos alunos. 

Sua abordagem pedagógica reverbera até hoje. E não apenas no Brasil. Na abertura do livro “Ensinando pensamento crítico”, lançado em 2020, a educadora estadunidense bell hooks cita Freire: “A existência humana é, porque se faz perguntando, a raiz da transformação do mundo. Há uma radicalidade na existência, que é a radicalidade do ato de perguntar”. 

Tanto para hooks como para Freire, o pensamento crítico é um elemento essencial da prática pedagógica libertadora. Ou seja, uma ferramenta na luta contra a opressão e todos os tipos de preconceito – à qual os indivíduos devem ter acesso para exercer sua cidadania. 

Mais recentemente, o mercado de trabalho também entendeu a importância da criticidade. O relatório The Future of Jobs, do Fórum Econômico Mundial, coloca o pensamento e a análise crítica entre as dez habilidades fundamentais para os profissionais do século 21.

Lições de hooks e Freire

Quando cita Freire, hooks dá uma primeira pista sobre como ensinar o pensamento crítico. Os alunos devem ser incentivados a questionar a realidade que os cerca, investigando soluções para construir um mundo mais justo e democrático. 

Para isso, é preciso superar o que o pedagogo brasileiro chamava de “educação bancária”. A saber, aquela em que professor apenas transfere conhecimento para um aluno passivo, inibindo sua curiosidade, criatividade e espírito investigador. 

Em harmonia com o pensamento de Freire, hooks sugere a adoção de uma “pedagogia engajada” para revolucionar o modelo de ensino tradicional. Essa proposta exige, nas suas palavras, “a participação total dos estudantes” e uma nova relação deles com os professores. 

“A pedagogia engajada estabelece um relacionamento mútuo entre professor e estudantes que alimenta o crescimento de ambas as partes, criando uma atmosfera de confiança e compromisso que está presente quando o aprendizado genuíno acontece”, ela escreve no capítulo 3 de “Ensinando pensamento crítico”. 

A partir dessa visão, ensinar o pensamento crítico depende de uma transformação da prática docente. O objetivo, com isso, é considerar a voz dos alunos, inquietá-los continuamente e tornar a construção do conhecimento um processo coletivo. 

O papel da PBL

Despertar competências socioemocionais, como o pensamento crítico e analítico, é uma lacuna na formação dos alunos, seja na educação básica ou superior. Preencher esse vazio é um dos objetivos da aprendizagem baseada em projeto (ABP ou PBL, na sigla em inglês), entre outras metodologias ativas sincronizadas aos preceitos de hooks e Freire.  

A vantagem da PBL é a possibilidade de trabalhar a partir de demandas reais da comunidade. Os alunos são estimulados a observar os locais onde vivem, identificando problemas e propondo soluções para melhorar as condições de vida da região. 

O pensamento crítico inicia ao tomar consciência, por exemplo, de casos de desigualdade social ou descaso com o meio ambiente. Já a postura autônoma no desenvolvimento dos projetos complementa o processo, pois coloca o estudante como agente ativo da transformação.

No Brasil, a curricularização da extensão no ensino superior e a adoção da PBL no contexto do Novo Ensino Médio são oportunidades para criar estratégias pedagógicas de ação e inquietação. Por esse caminho, talvez as escolas e universidades estejam mais próximas de concretizar o sonho de Freire de instaurar o pensamento crítico em sala de aula.

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