“A educação híbrida exige um novo modelo mental dos professores”, diz José Moran no FiEH 2022

A trajetória e a rotina do professor José Moran se confundem com a história e com o momento atual da educação híbrida no Brasil.

Pouco antes de subir ao palco do Fórum Internacional de Educação Híbrida (FiEH), realizado em setembro, em São Paulo, ele participava de um congresso de pós-graduação online. Após o compromisso presencial, teria um novo encontro online – desta vez, com professores da educação infantil. 

“Se, aos 76 anos, eu aproveito as possibilidades das experiências híbridas, imagina as novas gerações”, disse Moran, que é educador e perito em temas como educação a distância, híbrida e metodologias ativas. “Aprendemos com o que empolga, provoca, desafia e com os fracassos. Podemos aprender com tudo, de todas as formas: presencial e online; no formal e no informal; no intencional e no acidental”, afirmou.

Uma história na educação híbrida

Em 1987, Moran cursava o doutorado na Universidade de São Paulo (USP), onde viria a se tornar professor. Sua tese foi escrita em uma máquina de escrever. Um ano depois, em 1988, ele lembra de ter seu primeiro contato com a internet. Foi quando propôs que seus alunos pesquisassem sobre o que aquela novidade significaria para os estudantes e como ela moldaria as escolas e universidades do futuro

A pesquisa ganhou um viés prático. É aí que entra a educação híbrida. Quando uma sala de computação entrou em operação na USP, ele não teve dúvidas. “Perguntei se eu poderia ensinar lá”, conta.

Moran passou, então, a ministrar aulas alternadas entre o laboratório e a sala tradicional. Estava colocando em prática o que conhecemos hoje como sala de aula invertida, com curadoria de material online para ser discutido no presencial.

“Fui percebendo o híbrido como uma experiência real, testando quantas vezes valia a pena utilizar o online e o que fazer integrado ao presencial”, lembra.

Mais tarde, com a expansão dos serviços de internet pelo Brasil, a experiência cresceu. “Na pós-graduação, muitos alunos vinham de outras cidades para ter três horas de aula em São Paulo. O modelo começou a fazer sentido para eles, que não precisavam viajar sempre.”

Em 2003, na Faculdade Sumaré, Moran implementou um programa de gestão da educação híbrida para diversos cursos. Os professores tinham que fazer o planejamento integrando o presencial ao online. “Foi um processo convencer os docentes de que valia a pena. Para alguns deles, foi muito difícil mudar o modelo mental, mas vi que era possível transformar uma instituição para o híbrido há 18 anos”, destaca.  

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Lições para o futuro da educação híbrida

Nas primeiras aulas online, o professor Moran trabalhava com uma câmera e um chat – os alunos conseguiam vê-lo, mas ele não os via. Hoje, as escolas e instituições de ensino superior (IES) têm uma série de tecnologias educacionais à disposição. Os desafios para implementar a educação híbrida com qualidade, entretanto, seguem muito parecidos. 

“A educação híbrida exige abandonar o modelo de obediência vigente durante anos, no qual o professor tem um ‘saber maior’ e, por isso, controla todo o processo de ensino e aprendizagem. É preciso migrar para um modelo onde experimentamos e arriscamos mais, ampliando as possibilidades”, afirma. 

Além disso, na sua visão, é necessário acabar com a divisão rígida entre educação a distância e presencial conforme previsto na regulação do ensino superior brasileiro.

Para Moran, a concepção que permite apenas um percentual – até 2019, eram 20%, hoje são 40% – de atividades online em cursos presenciais serve para baixar os custos das IES, mas limita o desenvolvimento do viés pedagógico. 

“O híbrido pode ser extremamente engajador ou totalmente controlador. Agora, estamos testando possibilidades”, pondera. “Daqui para frente, não pode ser apenas sobre presencial e online.

Educação híbrida é um desenho complexo que envolve misturar áreas do conhecimento, professores com competências diferentes, síncrono e assíncrono e currículos flexíveis que deem possibilidades de escolha para o aluno”, completa Moran.

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